EXCLUSIVO: O CUSTO DE UM P.A FANTASMA

A noticia que darei aqui, com exclusividade, poderá levar o leitor a interpretações acaloradas, partidárias, pessoais ou simplesmente pode passar despercebida por quem não lança um olhar no horizonte administrativo da cidade. Vivemos uma crise crescente em relação a queda de arrecadação por parte das prefeituras devido a falta de investimentos externos e internos, queda da produção industrial e pulverização de empregos, o que obriga a uma melhor aplicação dos recursos públicos, cada vez mais parcos e escassos, sob a administração de prefeitos, ora chamados de gerente da crise, que exige melhor administração do pouco que ainda se tem. Lavras vive uma grande crise na área da saúde, considerada até mesmo por algumas pessoas do meio como crise moral, tendo em vista denuncias graves que circulam pelo meio político da cidade , sendo uma delas de adulteração de prontuários por um profissional, fato denunciado por mim, que está sendo investigado pela policia e Ministério Público. Agora, até mesmo uma denuncia feita por um vereador onde aponta morte por negligencia no URPA está sob a mira da justiça. Estes fatos estão sendo apurados e ainda precisam ser confirmados pelas autoridades. O que narro agora, foi fruto de um trabalho de quase um mês para que pudesse comprovar o mal uso do dinheiro publico, gasto com um prédio inerte e sem serventia mas que já teria consumido quase 100 mil reais, sem prestar nenhum serviço àcomunidade.

O caso.

Desde o ano de 2006, quando começou a construção do URPA, a prefeita Jussara Menicucci sabia, de antemão, a data de entrega da obra, que coincidentemente aconteceu próximo ao fim do período onde ela poderia ainda fazer a inauguração, sem ferir o código eleitoral. Com isso, a prefeita tinha conhecimento prévio de que deveria desocupar o antigo prédio do P.A, com, no mínimo, 2 anos de antecedência.

Com a inauguração do URPA, teoricamente, a prefeitura deveria desocupar as instalações do antigo pronto atendimento e transferir o atendimento para o novo e moderno prédio. Mas o fechamento e a entrega do prédio do antigo P.A, não aconteceu. Com a inauguração do URPA, em 29 de maio, a unidade, em poucos dias, entrou em funcionamento. Passados quase um ano, através de um trabalho de investigação com inúmeros telefonemas com nomes fictícios, descobri que o prédio do URPA, com cadeado no portão prestes a comemorar aniversário de um ano, consumiu e consome ainda, como se estivesse funcionando, 8 mil reais mensais. Isso mesmo! O aluguel do prédio continua sendo pago como se ele estivesse sendo utilizado para abrigar o antigo P.A. Caso tivesse desocupado as instalações, Jussara, como prefeita, teria que reformar o prédio para ser entregue ao dono. Ela chegou a oferecer 80 mil reais para que o locatário fizesse a obra de reforma por sua conta, o que foi recusado. Mesmo após ter tentado negociar e sem sucesso, a prefeitura não rescindiu o contrato e continuou a pagar o aluguel normalmente. Durante o período eleitoral, os candidatos, entre eles a prefeita, deram esperanças da reinstalação, no mesmo local, do antigo P.A, tendo em vista que aproximadamente 30 mil pessoas da zona norte da cidade foram prejudicadas com o fim do atendimento no local. Em sua propaganda política, Jussara teria dito que criaria ali um posto avançado de atendimento à saúde, afim de amenizar o impacto aos pacientes da região norte de Lavras. Até agora, a promessa não se cumpriu. Já são quase 12 meses, a 8 mil reais mensais, pagos por um prédio sem nenhuma utilização por parte da população da zona norte que tem que se deslocar até o alto da cidade para receber assistência médica em caso de urgência. E não para por aí. No contrato de locação do prédio, equipamentos médicos do locatário seriam guardados sob a responsabilidade da prefeitura num cômodo próximo ao local. Com a ajuda de um morador, consegui constatar que os equipamentos não estariam lá e que teriam desaparecidos. Na prefeitura, ao indagar, através de um pseudônimo, ninguém soube dizer onde estariam.

O aval

O conselho municipal de saúde, composto por várias pessoas da sociedade, sendo alguns funcionários da prefeitura e outros convidados informalmente pela prefeita para participar, se reúne algumas vezes por ano para aprovar ou não as contas e os investimentos feitos pela prefeitura na saúde em Lavras. Os pagamentos dos alugueis do antigo prédio do P.A, feitos durante todo este período, foi aprovado pelos membros do Conselho, sendo parte dele a atual secretaria de saúde, Iara Menicucci e a ex- secretaria-tampão da saúde, Gilza Carvalho, que ocuparam a secretaria após o fechamento do P.A da zona norte e aprovaram, no bolo de todos os gastos feitos pela prefeita na pasta, os 8 mil mensais para o “P.A fantasma” da zona norte durante quase um ano.

O chapéu na mão

O vereador Ênnio Mendes, líder da prefeita na câmara, semanas atrás, pediu em plenário, alegando “dificuldade financeira” da prefeitura, que os vereadores “doassem” 300 reais mensais durante 6 meses para a compra de um aparelho, para ser utilizado pela população, fosse feita. Ênio precisaria de 16 mil reais para conseguir comprar o equipamento. Se a prefeitura tivesse economizado 2 meses de aluguel pago ao P.A fantasma, Ênnio, líder da prefeita e representante da zona norte da cidade, não precisaria, apesar da boa vontade, ter mendigado, e sem sucesso, a doação junto aos vereadores.

O último mês

O último pagamento do aluguel do prédio do antigo P.A, batizado por mim de “Fantasmão”, foi feito na quarta feira, 8 de março, em cheque para um dos proprietários. Para descobrir isso não foi difícil. Com apenas três telefonemas, em dois dias, sob o pseudônimo de Dr. Eduardo, a informação foi confirmada com valores, dia de pagamento e para quem foi entregue o cheque. Os locatários não agiram de má fé em nenhum momento do contrato. A prefeita, em tese, poderia ser questionada pelo Ministério Público por de prevaricação com dinheiro público, tendo em vista que sabia previamente da desocupação do prédio e mesmo assim não rescindiu o contrato, evitando com isso desperdício de dinheiro público e da saúde que sofre com falta de remédios e exames. Uma licitação estaria sendo providenciada para fazer a reforma do prédio, ainda este ano. Até a conclusão da obra, o aluguel, conforme contrato, deverá ser pago, mensalmente, todo quinto dia útil do mês. Com aluguel e a reforma a ser feita, e o reembolso de equipamentos possivelmente desaparecidos, o antigo P.A poderá consumir ainda, do bolso do contribuinte lavrense, aproximadamente 400 mil reais.

Promessa é dívida. Estou pagando a minha....