Peço a todos vênias (desculpas) pelas férias prolongadas, mas necessárias.
O nosso momento que não
nos permite a escolha do caminho.
Quem assiste, mesmo que de longe, os
capítulos de uma quase novela política, onde a manutenção do poder é o
principal foco de um antigo grupo político, pode não ter a exata dimensão dos
interesses que lastreiam a vontade de que volte tudo a ser como era
antes.
Dinheiro,
poder, benesses, dependências são os fatores que movem uma maquina estatal,
gigantesca, para manter aliados, favores e dependentes econômicos de um sistema
onde o vício ataca pelo bolso e a droga a ser consumida é o poder, lastreado
pelo codinome “democrático”.
O imbróglio da novela, bem ao estilo de Odorico
Paraguaçu, que bem poderia ser chamada de “Os motes cassassórios” nasceu nos
idos do começo do mandato da ex-prefeita, há exatos 4 meses do inicio, ainda em
2005, onde, após ataques efusivos contra a estatização às avessas do sistema de
esgoto de Lavras, feita pelo ex prefeito Carlos Alberto e que fora duramente
criticado por Jussara, foi, estranhamente, ratificado e aditado. A prefeita
concordou em elevar ainda mais a dívida do município, além dos 33 milhões de
reais previstos para serem gastos integralmente pela Copasa, e, com uma
canetada amiga, a ex-prefeita endividou o povo de Lavras em mais R$ 19 milhões
de reais não previstos no contrato inicial. Provavelmente foi onde tudo
começou. É o marco de onde pode ter começado um dos maiores achaques aos cofres
municipais.
Assinado o termo aditivo, uma empresa foi
contratada pela Copasa, chamada Conserva, e que, segundo uma pessoa próxima ao
poder em BH, teria ligações fortes com um certo ocupante do Palácio Tiradentes,
sede do governo de Minas, e que pertenceria a um membro do alto escalão do PSDB
mineiro. Com o aditivo e a contratação da empresa, muitos acreditam que a
aliança foi então colocada e que o namoro, além das bênçãos familiares,
teria engatado de vez, com direito a respingos de gotas d’agua com rótulos
estatais. Um casamento com grandes interesses, mesmo que não fosse o meu, o seu
ou de qualquer cidadão lavrense.
Com
a surpreendente eleição de Fábio Cherem e sua posição laica em relação tanto
aos interesses do governo como da oposição feita pelo PT, Lavras sofre desde então
com um jogo de queda de braços com facções dos governos aqui e acolá.
Após a eleição de Marcos Cherem e a
consequente queda de um império político, regado a escândalos de desvios,
acusações e processos por improbidade administrativa, de uma hora pra
outra interesses, até então alinhavados verticalmente no sentido céu-terra e
vice versa, foram dizimados.
Apesar do esforço conjunto das
máquinas municipal e estadual, ao tentar fazer de um ilustre desconhecido o
sucessor e herdeiro do grupo reinante a décadas, viu-se que o esforço foi em
vão.
“Negócios ética e moralmente não recomendados”,
de todas as espécies, perderam terreno, lastros e améns. Contratos foram refeitos,
rombos descobertos, e o pior: os cofres, antes “charfundados” deixaram de
alimentar desmandos, conluios, favores e esquemas que fomentavam bolsos e que
ainda atendiam com “algum” para todo mundo do grupo. Uma padaria, uma farmácia,
um posto de gasolina, uma loja na área central, entre outras, que anteriormente
eram fartamente alimentadas pelos cofres municipais, sucumbiram devido ao corte
do fluxo de recursos antes jugularmente irrigados.
O
novo grupo, sem tempo hábil para mostrar ao que veio, recebeu um bombardeio
constante, com uma base governista volátil na câmara, engessada por um rombo
milionário no caixa e com uma máquina pública destruída, começou a trabalhar e
mostrar resultados então então inesperados.Salários atrasados foram quitados,
precatórios atualizados, o rombo Marco XX saneado, contribuições
previdenciárias foram colocadas em dia, uma visceral reestruturação
administrativa foi feita, uma gestão com economia na limpeza urbana, redução
das tarifas de transporte coletivo mesmo com o incremento da passagem integrada
surtiram efeito. Tudo isso em pouco mais de um ano. Falhas ocorrem? Claro que
sim, mas infinitamente menores e menos assombrosas
do que aquelas do passado, isso não há como negar.
Os então descontentes começaram a se organizar e atuar coordenamente em três
facções: o grupo político local sem respaldo popular, o grupo politico estadual de olho no reduto com vistas sucessão do estado e grandes grupos econômicos contrariados e no vermelho.
No cenário local, onde nos assustamos com o
andamento de ações movidas à toque de caixa, sem lastros probatórios concretos,
baseadas em teses criadas pelo grupo rival e que são plenamente acatados em
primeira instância, no meu entendimento, ignoram a constituição em diversos
pontos e colocaram a vontade do povo em risco. Lastros políticos legítimos
foram criminalizados, a liberdade de expressão foi “abolida”, informações foram
censuradas e mesmo assim a vontade de renovação do povo lavrense prevaleceu.
Existem pontos a serem ainda atacados? Claro
que sim e são naturais pois não há que se buscar a perfeição tendo em vista a
complexidade de uma cidade e seus setores. Mas é quase solar que houveram
avanços morais, éticos e porque não dizer,políticos.
A política do amigo do amigo,
perigosa para o agente público, foi deixada de lado e o direito do outro passou
a ser tratado com a mesma importância em relação ao direito do amigo do
prefeito, do amigo do vereador... do agente público. Tenta-se fazer uma justiça
administrativa sem politicagem, e isso incomoda.
Agora, no campo jurídico, a
novela ganha a cada dia mais capítulos e personagens. Assessores do segundo
escalão profissional, mas que ocupam o “andar de cima” em uma relação pessoal, antes intimamente ligados ao governador,
permeiam bastidores com recibo, de favores feitos e antes prestados, no bolso
para coloca-los na mesa e com pedidos em retribuição.
Não aceitam falar em
legitimidade da urnas. O que tem que prevalecer é o caminho quase que espúrio
da politicagem e a manutenção de um poder conseguido a base de um trabalho político
legitimo, mas que pelos sucessores, gradativamente foi se tornando em
coronelismo sórdido com projetos de perpetuação que foram interrompidos nas
eleições em 2012.
O judiciário se vê movimentado
por arrepios de conluios feridos e o braço forte do Estado usado como batuta
para reger uma engendrada orquestração contra a democracia fundada de um povo
através da legitimidade das urnas.
Em perigo os reais interesses de
uma cidade, de sua expansão, de sua vontade, sem dar a chance de mostras de um
trabalho por outrem, como no caso em tela. Noutra ponta, o status quo
político e os interesses que alimentavam reis, rainhas & vassalos.
Muitos lavrenses se preocupam
ao sentir a verdade do que aqui se disse e percebem na pele os efeitos de uma
corrente que quer que prevaleça a inércia e o retrocesso em relação a tudo que
já se evoluiu.
Afastados do poder pelo voto,
agora se movem furtivamente por trás de cada um de nós. O campo jurídico é o campo
de disputa pelos interesses “quase quadrilheiros” de alguns que se movem para
retomar o poder a qualquer custo.
O seu bolso, o poder do seu
voto; o nosso dinheiro, sãos as presas almejadas que alimentarão a manutenção
de quem sempre só soube sobreviver e prosperar na periferia do mando político.
Espero que prevaleça um futuro melhor,
e que a vontade de um povo culto e trabalhador como o do povo de Lavras seja
então respeitado, e que nos próximos meses o passado possa ficar,
definitivamente, em seu devido lugar.